terça-feira, 20 de outubro de 2009

I will survive


As baladas GLS de São Paulo são um exemplo de respeito às diferenças que tamanha metrópole agrega. Ali, dançam tranquilamente gays, lésbicas, transexuais e heterossexuais, sem nenhuma distinção. Em uma cidade onde muitas são as ocorrências devido à homofobia, tal lugar merece destaque.

Michele Alves* é heterossexual, mas costuma freqüentar as baladas GLS: “Além de o som ser melhor, tendo os melhores Djs, aqui é muito mais tranqüilo e o pessoal é bem mais comportado”, diz.

E é nesse ambiente que você percebe as mudanças que envolvem os gays. Antes marginalizados, hoje, com raras exceções, estão incluídos de maneira igualitária na sociedade, ocupando papel de destaque na cidade de São Paulo. Prova disso é a Parada Gay que nesse ano atraiu cerca de 3 milhões de pessoas na avenida Paulista. Para Michele Alves os gays são aceitos, mas não de maneira completa; “Eu acho que tem gente que aceita somente por aceitar, mas não os compreendem. Os gays são pessoas sinceras consigo mesmas, eles têm coragem de assumir o que sentem”, declara.

Em meio às luzes da boate, encontramos Jeferson Pires*. Quem o vê dançando não sabe que há pouco tempo atrás Jeferson não admitia sua homossexualidade. “Eu desde criança tinha uma curiosidade de saber como era ficar com outros meninos. Só que todos me ensinaram que eu tinha que ficar com meninas, porque este era o certo, e eu acreditava nisso e acabava ficando com elas”, diz.

Tudo mudou na vida de Jeferson quando ele conheceu Pedro. Logo eles se tornaram amigos: “Pedro tinha curiosidade também e nós começamos a conversar sobre o assunto. Um dia eu criei coragem e descobri que era o que eu gostava de verdade”.

Quanto à família, ele no início encontrou problemas com sua mãe que não aceitava suas novas amizades. “Ela falou que ia me expulsar de casa, mas depois ela foi percebendo, foi vendo que não tinha nada a ver, até acabar aceitando. Ela não sabe da minha boca, mas ela desconfia do que acontece e aceita”, diz Jeferson.

Segundo Maria, tia de Jéferson, ele tinha o gênio muito forte, chegando a ser rude com as pessoas. Quando ele se assumiu para uma parte da família, ele mudou o comportamento ficando mais amável: “Percebemos que era melhor pra ele”, admitiu. Jéferson trabalha durante toda a semana e nos finais de semana aproveita para ir até a balada com os amigos.

Hoje a grande maioria das baladas além das músicas eletrônicas, contam também com strippers e shows de travestis, cuja as apresentações se inspiram em cantoras Pop famosas, como Britney Spears, Beyoncé, e a nova queridinha do público GLS Lady Gaga. Mas se procurar bem é possível encontrar também travestis inspiradas no ícone dos anos 80, Madonna, além de uma extravagante Gretchen dublando La Conga, sucesso da cantora.

* Nomes foram trocados a pedido dos entrevistados.

2 comentários:

Natalia disse...

Adorei esta matéria, eu também vou a baladas gls, e gostei da maneira que ela foi descrita, as pessoas vão até lá para curtir, o pessoal está sempre de braços abertos para quem os olha com respeito.
Parabéns Tamara Alves pela matéria

mari. disse...

Adorei a matéria e a iniciativa do blog!
Realmente... as baladas GLS são bem melhores, onde tudo é aceito, você pode ir realmente pra se divertir, dançar... sem se importar com determinadas idiotices!

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