domingo, 4 de outubro de 2009

Oportunidades no Centro de SP


Placa humana resiste ao tempo e é boa opção para desempregado


O Instituto de Pesquisa Econômica Avançada, IPEA, revelou em uma pesquisa que o desemprego cresceu para os que têm mais anos de estudo. Os dados apresentados mostram que 56,1% dos desempregados no Brasil metropolitano tinham mais de 11 anos de educação.

Arion Jaquetti, 29 anos, é formado em administração de empresas e está procurando uma vaga há aproximadamente dois meses. "Já fui chamado para fazer entrevistas, mas a concorrência é muito grande. Continuo procurando, de todas as formas possíveis", afirma Arion. Ele está tentando conseguir um cargo relacionado com sua área de conhecimento e além das agências de emprego, está recorrendo aos anúncios feitos por placas humanas na Rua Barão de Itapetininga, próxima ao Teatro Municipal de São Paulo. "Algumas empresas que anunciam [nas placas] são verdadeiros lixos, mas tem que confiar né?", completa Jaquetti.

João Silva* é uma das pessoas que ficam expondo vagas de empregos. Plaqueiro há um ano, conseguiu esta vaga depois de percorrer as ruas do Centro e pedir ajuda aos que já exerciam o cargo. "Eu pego o currículo e depois entrego pra uma empresa. Vem muita gente, de todas as regiões da cidade e do país" afirmou o homem de 58 anos. Quando questionado se muitos realmente conseguiam emprego, João respondeu que "hoje mesmo tem uma mulher levando os documentos porque foi contratada".

A técnica em nutrição Sandra Marinco Naka, 38 anos, também está desempregada. Ela tem procurado uma colocação há quatro meses e está utilizando como recursos agências de empregos, o sindicato dos trabalhadores e os anúncios feitos por plaqueiros, mas afirmou que nada dá segurança. Sandra começou procurando cargos relacionados com sua formação, mas hoje expandiu sua busca para qualquer oferta. "A maioria das vagas são para telemarketing, mas eles só aceitam gente nova. Além disso, acontece muito encaixe, gente que foi recomendada consegue emprego mais facilmente", afirmou Naka.

Reginaldo Alves, 40 anos, concorda com Sandra. Ele está atualmente empregado, mas estava entregando o currículo de um amigo. Segundo Reginaldo, "é difícil conseguir qualquer vaga hoje, tudo depende muito do Q.I. – quem indicou".

As placas e faixas de empregos fazem parte da história da cidade, assim como o Centro onde ficam. Sobreviveram ao tempo e à internet, sendo em tempos de crise econômica uma chance maior de conseguir o nem sempre dos sonhos, mas necessitado emprego.

*A pedido do entrevistado, o nome foi alterado.

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